CONTOS CLÁSSICOS

* A BELA ADORMECIDA- França
ORIGEM ANTIGA
A história de Bela Adormecida remonta no mínimo ao século XIV, porém a sua versão mais famosa é a que o francês Charles Perrault publicou em 1697 sob o título ¨La Belle au bois Dormant¨. Essa versão constituiu a base de muitas narrativas posteriores (como a dos irmãos Grimm e a desta coletânea).


O CASTELO
Construído em 1462 com a função de fortaleza e depois ornado com torres e janelas, o Château d´Ussé inspirou Perrault a escrever ¨A Bela Adormecida¨. O castelo domina o rio Indre, no Oeste da França.


       Era uma vez um rei e uma rainha que queriam muito ter um filho, mas precisaram esperar anos e anos para que seu desejo se realizasse. Ficaram felicíssimos quando finalmente tiveram uma menina e convidaram sete fadas para madrinhas. Sabiam que cada fada presentearia a criança com um dom, e, assim, sua filha seria a princesa mais perfeita do mundo.
       No banquete que celebrou o batizado as sete fadas se sentaram à mesa, tendo cada uma um prato, uma faca e um garfo de ouro maciço na sua frente. Mal se acomodaram, uma fada velha e feia entrou no salão. Andava sumida havia cinquenta anos, por isso ninguém a convidara. Vendo que o rei não mandara fazer prato e talheres de ouro para ela, ficou furiosa e pôs se a resmungar: ¨Vão me pagar caro por isso...¨. A fada mais jovem escutou e se escondeu atrás da cortina, para oferecer seu dom por último e assim remediar o mal que a resmungona fizesse para sua afilhada. A primeira lhe conferiu o dom da beleza, a segunda, o da sabedoria. As outras quatro garantiram que ela seria extremamente graciosa, dançaria muito bem, cantaria como um rouxinol e teria extraordinário talento para a música. Chegou então a vez da fada velha, que grunhiu: ¨A princesa há de espetar o dedo num fuso e morrerá!¨.
       Ao ouvir isso a fada mais jovem saiu do esconderijo e disse: ¨Ela não morrerá! Quando espetar o dedo, a princesa cairá num sono profundo e dormirá cem anos, até que um príncipe a acordará¨.

       Imediatamente o rei mandou queimar todos os fusos do reino, para evitar que a praga da velha se cumprisse.
       Assim a princesa cresceu, linda e saudável, longe do perigo. Um dia ela viajou com seus pais para um castelo que tinha no campo. Ali subiu até o alto de uma torre, onde viu uma velha fiandeira que, ignorando a antiga ordem do rei, trabalhava inocentemente com seu fuso. A princesa a observou durante algum tempo e resolveu experimentar fiar também, mas, tão logo pegou no fuso, espetou o dedo e caiu num sono profundo.
       Depois de esgotar todos os recursos para despertar a filha, o rei ordenou aos criados que a levassem para o melhor quarto do castelo e a deitassem numa linda cama de ouro e prata.
O FUSO FATAL
Havia dois tipos de fuso: o que ficava preso horizontalmente à roda de fiar e o que a fiandeira segurava na mão, como o que vemos acima.

       Quando soube o que havia acontecido, a fada mais jovem foi falar com o rei. ¨Não é bom que a princesa acorde daqui a cem anos e se veja entre estranhos¨, disse ela. E, erguendo sua varinha de condão, tocou todas as criaturas vivas que se encontravam no castelo, com exceção do rei e da rainha. Com isso levou os criados e os guardas, os cavalos e os cães a mergulhar num sono profundo. Até a cachorrinha de estimação da princesa adormeceu ao seu lado.
       Então o rei e a rainha se despediram da filha, beijando- lhe as faces rosadas, e partiram. A fada ergueu mais uma vez a varinha de condão, e imediatamente brotaram da terra espinheiros enormes, que rodearam o castelo como uma muralha impenetrável, deixando à vista apenas o topo das torres.
       Cem anos se passaram. O rei e a rainha morreram, e outra família real subiu ao trono. Um dia o filho do novo soberano estava cavalgando, em busca de aventuras, quando viu de longe o que lhe pareceram torres. Curioso, perguntou a vários camponeses se havia um castelo por trás daquela selva de espinheiros. Todos lhe disseram que sim, mas alguns acrescentaram que o castelo era habitado por bruxas e outros afirmaram que lá morava um ogro que comia crianças. Por fim um velho lavrador lhe contou: ¨Quando eu era menino, ouvi dizer que uma bela princesa está dormindo naquele castelo, esperando o príncipe que há de acordá-la!¨.

       Com o coração saltando de felicidade, o príncipe rumou para lá. Assim que se aproximou da imensa muralha vegetal que rodeava o castelo, os espinheiros misteriosamente se afastaram para lhe dar passagem, porém logo se juntaram para impedir que sua comitiva o acompanhasse.
       No pátio o príncipe encontrou pessoas e animais deitados no chão, como se estivessem mortos. Sem se amedrontar, entrou no saguão e viu uma fila de guardas roncando em pé, com as lanças em punho. E ao longo de toda a sua caminhada pelo castelo se deparou com gente adormecida. Até que finalmente chegou ao quarto da princesa. ¨Que linda!¨, exclamou maravilhado, e, aproximando- se da cama, beijou- a com delicadeza.
       ¨É você, meu príncipe?¨, ela perguntou, abrindo os olhos. ¨Esperei tanto tempo...¨
       Nesse momento todas as criaturas do castelo despertaram. O fogo reacendeu, crepitando sob a carne que voltou a girar no espeto. Os músicos pegaram seus instrumentos e, apesar de terem ficado em silêncio durante um século, tocaram divinamente.
       Depois de jantar num salão revestido de espelhos, o príncipe e a princesa se casaram naquela mesma noite, pois, como ela disse, sua espera de cem anos fora longa demais.



















ROSA SILVESTRE: Na versão dos Grimm a história se intitula ¨Pequena rosa silvestre¨. Os espinhos estão associados ao sofrimento e também ao poder das fadas; a flor simboliza a beleza, a perfeição e o amor.



UM BELO BALÉ: Composto por Piotr Tchaikóvski, o balé A BELA ADORMECIDA estreou na Rússia em 1890, com coreografia de Marius Petipa. Walt Disney utilizou a mesma música no filme homônimo, que produziu em 1959. A foto acima nos mostra a princesa (representada pela bailarina Ravenna Tucker) depois de espetar o dedo no fuso.

A OGRA MALVADA: Na versão de Perrault a história continua depois do casamento. A mãe do príncipe, uma ogra que gosta de comer carne humana, planeja devorar a nora e os netos. Quando o filho descobre tais planos, ela se mata, jogando- se numa tina cheia de serpentes.

* A BELA E A FERA- França
       Um rico mercador tinha três filhos e três filhas. Gostava de todos eles, naturalmente, porém sua menina dos olhos era a caçula, uma jovem bondosa, meiga e tão bonita que todos a chamavam de Bela. Suas outras filhas, que não eram tão lindas nem na aparÊncia nem no caráter, morriam de inveja.
       Mesmo sendo arrogantes e feiosas, as irmãs de Bela encontraram muitos moços que queriam se casar com elas. Mas achavam defeitos em todos e declaravam que só aceitariam o marido um duque ou um conde. Bela também tinha muitos pretendentes e os recusava, dizendo: ¨Fico honrada com o seu pedido, mas não posso aceitá- lo. Sou jovem demais para me casar e, além disso, não posso deixar meu pai¨.
       Um dia o navio do mercador desapareceu no mar, e ele perdeu tudo o que possuía, com exceção de uma casa no campo. Então reuniu os filhos e lhes disse que teriam que mudar para o interior e cultivar a terra para viver. As irmãs de Bela choraram e bateram o pé, pois não queriam abrir mão de seu luxuoso estilo de vida. A caçula aceitou o bom grado a nova situação e acabou fazendo todo o trabalho, enquanto as outras duas só ficavam sentadas, reclamando da vida.

       Um ano depois o bom velho soube que seu navio aportara são e salvo, com a carga intacta. Foi buscar a mercadoria, mas, antes de partir, perguntou às filhas o que gostariam que lhes desse quando voltasse. As duas mais velhas pediram jóias, vestidos e bugigangas caras. Pensando que a venda da carga não daria para comprar tantas coisas, Bela ficou em silêncio.
¨E você? Não quer nada?¨, o pai lhe perguntou.
¨Traga- me uma rosa¨, ela respondeu, docentemente.
       Quando o mercador chegou ao porto, descobriu que a carga fora vendida para saldar suas dívidas e que estava tão pobre quanto antes. Só lhe restava iniciar a viagem de volta, com as mãos abanando.
       Ainda estava longe de casa quando uma tempestade de neve desabou. Tudo ficou escuro, o vento uivava, os flocos de neve rodopiavam, e o pobre homem se perdeu. ¨Vou morrer gelado...¨, pensou. Nesse momento, porém, deparou- se com o portão de um imenso palácio. Mais animado, instigou seu cavalo a transpor o portão e foi ter ao estábulo, onde encontrou tudo limpo e arrumado, porém não viu nenhum outro animal e tampouco um cavalariço.
       Apeou- se, deu de comer à montaria e entrou no palácio. Durante todo esse tempo não avistou ali uma alma viva. Mas no salão havia uma mesa posta com frango assado e vinho. Como estava faminto, comeu até se fartar. Depois subiu, encontrou uma cama pronta para recebê- lo e, exausto, adormeceu.
       No dia seguinte acordou, vestiu uma roupa que estava na cadeira para substituir seu traje enlameado, e desceu para o salão, onde o desjejum o esperava. ¨Aqui deve morar uma fada bondosa que teve pena de mim¨, pensou.
       Lá fora a neve tinha derretido e o jardim estava repleto de flores. O mercador se lembrou do pedido de Bela e saiu para colher uma rosa. Nesse momento ouviu um urro terrível, que o fez estremecer dos pés à cabeça. Uma criatura horrenda, meio humana, meio animal, postava- se bem atrás dele.



¨Ah!¨, o monstro rugiu. ¨Então eu recebo em meu palácio, dou- lhe de comer do bom e do melhor, proporciono- lhe todo o conforto, e você em troca rouba minhas rosas, que eu adoro? Pois vai morrer por isso!¨
       O coitado do velho caiu de joelhos, implorando:
¨Misericórdia, senhor! Perdoe- me, perdoe- me! Peguei só uma rosa para minha filha! Ela me pediu tanto...¨.
¨Não me chame de `senhor´! Meu nome é Fera!¨, o dono do palácio berrou, mas em seguida udou de tom: ¨Então você tem uma filha... Pois vou deixá- lo partir, se ela concordar em vir morrer em seu lugar. Se não, você deve voltar no prazo de três meses¨.
       O mercador não tinha a mínima intenção de sacrificar nenhuma de suas filhas, porém aceitou o acordo. ¨Pelo menos poderei abraçá- las antes de morrer¨, pensou.
       Fera o libertou e ainda lhe deu um baú cheio de moedas de ouro. O pobre homem chegou em casa, com o coração pesado, reuniu as filhas e lhes contou o que havia ocorrido. ¨É culpa de Bela!¨, exclamou a mais velha. ¨Se ela não tivesse pedido uma rosa, isso não teria acontecido!¨, disse a segunda.
       ¨Vou corrigir meu erro e pedir a Fera que nos perdoe!¨, Bela falou. Seu pai tentou impedi- la, mas foi inútil. Assim, todos se despediram dela, em meio a uma grande choradeira. Até as duas irmãs conseguiram derramar umas lagrimazinhas, com a ajuda de uma cebola.
       No dia seguinte Bela e seu pai seguiram para o palácio da monstruosa criatura e, lá chegando, encontraram tudo preparado para recebê- los. No salão a mesa estava posta para duas pessoas. ¨Acho que esse papão quer que eu engorde o bastante para então me devorar¨, a jovem pensou. Quando acabaram de comer, Fera apareceu.
¨Você veio porque quis?¨, perguntou à Bela. ¨Sim¨, ela respondeu. ¨Então ficará no palácio, porém seu pai vai embora¨, Fera declarou. O mercador lhe suplicou que o deixasse ficar, mas de nada adiantou. Depois que ele partiu, o monstro ordenou a Bela que subisse para ir ver seus aposentos.


       No andar de cima ela se deparou com uma porta onde leu, numa placa de ouro: ¨Quarto de Bela¨. Abriu a porta e constatou que tinha ali tudo o que pudesse desejar, inclusive um cravo. ¨Meu anfitrião não teria tanto trabalho se quisesse me devorar¨, pensou aliviada.
       Na noite seguinte Fera jantou com Bela e lhe disse que podia lhe pedir qualquer coisa. ¨Seu desejo é uma ordem, e estou aqui para lhe servi- la¨, declarou, perguntando em seguida: ¨Você me acha muito feio?¨. ¨Acho...¨, ela respondeu, com toda a sinceridade. ¨Mas também acho que é muito bondoso.¨
¨Decerto porque sou bobo...¨, Fera comentou.
¨Não diga isso! Quem tem bom coração, como você, não pode ser bobo...¨
¨Já que pensa assim, você se casaria comigo?¨
¨Não¨, a jovem falou.
       Depois disso todas as noites, durante o jantar, Fera repetia a mesma pergunta e Bela lhe dava a mesma resposta. No entanto, apesar das circunstâncias, ambos conviviam em paz e até eram felizes.
       Um dia, contemplando um espelho mágico, Bela soube que seus irmãos haviam ingressado no exército, que suas irmãs tinham se casado e que seu pai estava sozinho. Assim, pediu a Fera que a deixasse visitá- lo. ¨Voltarei daqui a uma semana¨, prometeu. ¨Não deixe de voltar, pois do contrário morrerei de tristeza¨, Fera avisou.
       Bela partiu e encontrou o pai na cama, acabrunhado e fraco.¨Não há motivo para tanta tristeza¨, disse- lhe. ¨Fera é um anjo para mim. Veja só meu vestido... Não é lindo? Foi ele quem me deu... entre muitas outras coisas. ¨Com isso o pai começou a ficar animado.
       No entanto, quando as duas irmãs, que haviam se casado com moços pobres, viram as roupas e as jóias caras da caçula, quase morreram de inveja. Decidiram então fazer alguma coisa para Fera se enfurecer com Bela e finalmente devorá- la. ¨Fique com a gente só mais uma semana¨, pediram- lhe, fingindo que adoravam sua companhia.
       Bela concordou, porém na décima noite sonhou que estava no jardim do palácio e que Fera agonizava a seus pés. Acordou, tremendo, e só então percebu o quanto gostava daquela criatura horrorosa. Assim, mal clareou o dia, partiu para o palácio. Entrou, ansiosa, e não encontrou ninguém. Correu para o jardim e, exatamente como no sonho, viu Fera estendido na grama. Atirou- se sobre ele, abraçou- o, suplicou- lhe que abrisse os olhos e lhe banhou o rosto com suas lágrimas.
¨Você chegou tarde demais¨, o monstro murmurou, fitando- a tristemente. ¨Estou morrendo...¨
¨Não, por favor, não morra!¨, ela implorou. ¨Quero me casar com você!¨

       Nem bem acabou de falar, o palácio se iluminou inteiro, uma música alegre se espalhou pelo ar e Fera deu lugar a um lindo príncipe.
¨Fera, onde você está?¨ Bela perguntou, aflita.
¨Aqui¨, respondeu o príncipe. ¨Uma bruxa malvada me transformou em Fera. O encantamento só se romperia quando uma moça me amasse por bondade, não por minha aparência ou riqueza¨, explicou. ¨Agora a encontrei e nunca mais vou perdê- la.¨
       Bela e Fera se casaram e foram felizes para sempre. Quanto às irmãs invejosas, a bruxa que encantara o príncipe as transformou em estátuas e colocou no portão do palácio, para que contemplassem a felicidade de Bela sem poder fazer nada para estragá- la. 
UM TEXTO CLÁSSICO
       Existem muitas versões desta história romântica, que há séculos vem sendo transmitida de geração a geração. No entanto, a versão mais conhecida, na qual nos baseamos é o texto clássico de madame Jeanne- Marie de Beaumont publicado pela primeira vez em 1756.
MARIDO BICHO
       Em todo o mundo há histórias de moças que se casaram com um príncipe transformado em animal- carneiro, porco, sapo, crocodilo. Num conto inglês o noivo é um ¨cachorrão imundo, de dentes pequenos¨, e numa história de Kentucky, Estados Unidos, é um ¨perdigueiro de longas orelhas¨.
NADA DE INTRUSOS

       Como o palácio de Fera, este castelo localizado em Saumur, na França, parece concebido para desencorajar visitantes inoportunos.
A ROSA DE BELA
       Se nossa história fosse real, o mercador provavelmente teria colhido uma Rosa Centifolia, como vemos na imagem acima, que, como o nome indica, possui cem pétalas. Os franceses do século XVIII gostavam tanto dessa rosa que não só a cultivavam em seus jardins como a reproduziam em pinturas e bordados.
O CRAVO
       Uma jovem fina e rica como Bela decerto tocava cravo, instrumento precursor do piano e presente em todas as casas abastadas da Europa setecentista. Na França ela provavelmente escolheria peças de François Couperin e Jean- Philippe Rameau, famosos compositores dessa época.

* CHAPEUZINHO VERMELHO- França
       Uma linda menina morava com sua mãe numa aldeia próxima à floresta. Todos a amavam, sobretudo sua avó, que lhe fez uma capa vermelha com capuz. A menina usava tanto essa roupa que passaram a chamá-l a de Chapeuzinho vermelho.
       Um dia sua mãe assou um delicioso pão de frutas, colocou numa cesta, junto com um pote de manteiga, e lhe disse: ¨Vá visitar sua avó, que está adoentada, e leve estas coisas para ela¨.
       Sempre obediente, Chapeuzinho vestiu sua capa, pegou a cesta e rumou para a casa da boa velhinha. Mais ou menos na metade do caminho, um lobo lhe perguntou: ¨Aonde vai, filhinha?¨.
¨Vou levar pão de frutas e manteiga para a vovó¨, respondeu ela, respondeu sem saber como era perigoso conversar com lobos, ainda mais estranhos.
-¨ E onde a sua avó mora?¨
-¨ Na primeira casa depois da floresta.¨
-¨ Também quero visitá- la. Vamos ver quem chega lá primeiro?¨, o lobo falou e, sem esperar resposta, enveredou por um atalho.
       A menina seguiu caminho, sem pressa, parando cá e lá para admirar as borboletas e colher flores para sua avó.
       Enquanto isso, movido pela fome, o esperto lobo corria sem nem saber olhar para os lados e dali a dois minutos estava batendo na porta da primeira casa depois da floresta- toc, toc, toc.
- ¨ Quem é?¨
O lobo afinou mais o que pôde a voz dele e respondeu: ¨Menina de capuz vermelho! Vim trazer um pão de frutas e um pote de manteiga que a mamãe mandou!¨.
- ¨ Chapeuzinho Vermelho, que surpresa! Pode entrar querida, a porta está aberta.¨
       Mais que depressa o mentiroso do lobo trancou a porta, saltou sobre a pobre velha e a devorou. Com a barriga quase cheia, destrancou a porta e depois fechou a porta, deitou- se na cama e ficou esperando.
       Estava quase pegando no sono quando ouviu uma batida na porta- toc, toc, toc. ¨Quem é?- ¨. Imitando a pergunta  que a velhinha havia falado.
       Chapeuzinho Vermelho se assustou quando ouviu a voz grossa e rouca, mas então se lembrou que  sua avó estava adoentada. ¨ Deve ser uma gripe e tanto.¨, pensou, respondendo em seguida: ¨ É Chapeuzinho Vermelho!¨ Vim trazer um pão de frutas e um pote de manteiga para você!E algumas surpresas também.¨.
- ¨ Entre filhinha! A porta não está trancada!¨, ele falou, repetindo as palavras que a coitada da velhinha lhe dissera. E, quando a menina entrou, pediu- lhe todo meloso: ¨Por favor, querida, ponha o presente que sua mãe me mandou no armário e venha aqui me dar um beijo!¨.
       Chapeuzinho Vermelho guardou as coisas, tirou a capa e se aproximou da cama. Nunca tinha visto a sua avó adoentada e se admirou muito com sua aparência estranha. ¨Que braços peludos, vovó!¨, exclamou.
       ¨São para abraçá-la melhor meu bem!¨, o lobo respondeu.
- ¨ E que pernas compridas, vovó!¨
- ¨ São para segui- la melhor, meu bem!¨
- ¨ E que orelhas enormes, vovó!¨
- ¨ São para ouvi- la melhor, meu bem!¨
- ¨ E que olhos grandes, vovó!¨
- ¨ São para vê- la melhor, meu bem!¨
- ¨ E que dentes afiados são esses, vovó?!¨
- ¨ São para comê- la!¨, o lobo rugiu.

       E de uma só bocada devorou Chapeuzinho Vermelho.
E a história termina aqui, Chapeuzinho e sua avó não é salva, enquanto o lobo faminto continuava fazendo as mesmas gracinhas parecidas com esta história com outras vítimas e ninguém sabe o procurado. Quando será que ele irá ser raptado?
Moral da história
      Ao registrar esse conto pela primeira vez, em 1697,Charles Perrault pretendia alertar as crianças ao perigo das crianças falarem com pessoas estranhas. ¨Assim aprendemos que principalmente as meninas bonitas, gentis e bem- criadas, não devem dar ouvidos a homem nenhum¨, concluiu.¨

 Pela estrada afora...
       Ainda que Chapeuzinho Vermelho atravessasse uma floresta aprazível como a de Compiègne, ao norte da França, os perigos estariam espreitando em cada curva do caminho.


Finais Diversos
       Em algumas versões desta história o lobo não consegue devorar Chapeuzinho e acaba sendo morto por um caçador, que lhe abre a barriga para resgatar sua avó, sã e salva. Contudo, no filme Companhia de Lobos, de 1984 ()aciima
 , a vitória final pertence aos lobos.*

 BRANCA DE NEVE- Alemanha
       Numa tarde nervosa, uma bela rainha bordava junto à janela, quando picou o dedo com a agulha, fazendo- o sangrar. ¨Ah, eu queria uma filha de pele branca como a neve, lábios vermelhos como o sangue e cabelos negros como o ébano¨, ela murmurou.
       Meses mais tarde a rainha deu à luz uma menina como desejava e a chamou de Branca de Neve. No entanto, morreu logo após o parto.
       Ao fim de um ano de luto, o rei se casou com uma mulher arrogante e vaidosa, que vivia perguntando ao espelho: ¨Espelho , espelho meu, existe mulher mais linda do que eu?¨, ele vivia respondendo que a mais bela era sua majestade.
       Um dia, porém, quando sua enteada estava com sete anos, a orgulhosa rainha recebeu outra resposta: ¨Existe, Majestade! É Branca de Neve!¨
* CINDERELA- França

* RAPUNZEL- Alemanha

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